ESTERILIZAÇÕES FORÇADAS E DIREITOS REPRODUTIVOS NO BRASIL: ENTRE DIPLOMAS NORMATIVOS E DESIGUALDADES
Palavras-chave:
esterilização forçada, Planejamento familiar, Estatuto de RomaResumo
O presente artigo tem por principal objetivo o estudo das esterilizações forçadas no Brasil e no contexto Internacional. Sabe-se que o Estatuto de Roma colocou as esterilizações compulsórias no rol dos crimes contra a humanidade e que o Brasil também abordou a questão na Lei do Planejamento Familiar, fruto da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou inúmeras denúncias desses crimes. A partir de uma revisão bibliográfica sobre os direitos penal e humanitário que perpassam o tema, bem como dos instrumentos normativos respectivos, o estudo argumenta que a questão das laqueaduras forçadas seja apenas um de vários sistemas de controle sobre o corpo das mulheres e que representa, para além da perpetuação do sexismo e da misoginia, a multiplicação de desigualdades e interseccionalidades de opressão e dominação.
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